quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dos aprendizados


Faz uns poucos meses, Isminha entrou na era dos desenhos animados. Michael Jackson finalmente descansou em paz para dar lugar a Batman, Homem Aranha, Kung Fu Panda, Toy Story e A Pequena Sereia. Enquanto nossa DVDteca aumenta a passos largos e a gente contribui cada vez mais para o crescimento da indústria da pirataria (porque não há bolso que agüente alimentar o imaginário infantil quando o assunto é desenho animado original longa metragem), ficam alguns aprendizados:

- Até achar um box de desenhos do Homem Aranha que me parecem perfeitamente inofensivos, o pai sentava com o menino para assistir a algumas versões assustadoras de Batman. Cabeças degoladas, sangue, tiros, porrada, braços arrancados, mais sangue, trilha sonora mórbida, sangue e sangue. Saio do banho e tá o pequeno tenso, apertando a mão do pai, os olhos vidrados na TV. Lição 1: não, não dá pra ver desenho de gente grande a partir dos 2 anos de idade. A criança fica mesmo HORRORIZADA.

- Os desenhos da Disney moderna são todos “inhos”: lindinhos, fofinhos, engraçadinhos e politicamente corretinhos. Aí decidi comprar o Pinóquio, só pra relembrar minha infância e ver se o Isminha gostaria tanto quanto eu gostava. Pois bem. Acho que a Disney antiga NUNCA passaria pela nota de corte da nova. Durante o filme, cujo ritmo é devagar-quase-parando, o simpático Pinóquio fuma charuto, bebe cerveja e ainda amarra uma pedra no pé pra pular no oceano em ato suicida a fim de resgatar o Gepetto, que foi engolido por uma malvadésima e monstruosa baleia azul (sim, aquela que, sabemos, não faz mal nem a piolho). Lição 2: na nossa época - o saudoso século passado -, politicamente correto de cu era rola. Lição 3: acho que entendi por que sempre fui fumante e bêbada. E, once again, espero que meus filhos tenham mais critério do que eu.